Produção de veículos no Brasil recua 11% em 2016 e volta a nível de 2004
Produção de veículos no Brasil recua 11% em 2016 e volta a nível de 2004
Pico foi em 2013, com 3,71 milhões; desde então só houve quedas. Para 2017, Anfavea espera alta de 4% nas vendas e de 11,9% na produção.
O Brasil produziu 11,2% menos veículos em 2016 na comparação com o ano anterior, segundo dados da associação das montadoras, a Anfavea, divulgados nesta quinta-feira (5).
É o 3º ano consecutivo de queda, um resultado direto da baixa nas vendas de carros, caminhões e ônibus, que chegou a 20% no ano passado.
No total, foram produzidos 2,15 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
O nível de produção foi semelhante ao de 2004, quando saíram das fábricas 2,12 milhões de veículos. O pico foi em 2013, com 3,71 milhões de unidades; desde então só houve quedas.
Atualmente, a ociosidade da indústria automotiva brasileira está em 52%, ou seja, as fábricas instaladas produzem menos da metade do que são capazes.
Expectativa para 2017
A Anfavea previa um recuo de apenas 5,5% na produção para 2016, mas o índice não foi atingido, em parte porque a Volkswagen ficou paralisada por cerca de 1 mês em meio a disputa com fornecedores.
Para 2017, a associação espera um avanço de 4% nas vendas e um crescimento de 11,9% na produção, com a retomada do segmento de veículos pesados.
Pesados
Segundo o presidente da Anfavea, Antonio Megale, o setor de caminhões sofreu mais e voltou aos patamares de 1999. “É um número bastante preocupante”, disse.
De janeiro a dezembro, 60,6 mil caminhões saíram das fábricas instaladas no país, o que representa queda de 18,2% ante o verificado em 2015.
As vendas de caminhões novos caíram 29,4% no ano passado, enquanto a ociosidade no segmento ultrapassa a marca de 70%, de acordo com a Anfavea.
Exportações
Sem a reação do mercado interno, as empresas se voltaram para o exterior. As vendas de veículos montados para outros países cresceu 24,7%, em relação a 2015, com 520 mil unidades. Deste total, 380 mil foram para a Argentina.
O volume é o maior desde 2013, que registrou 565 mil unidades. O recorde anual até agora é de 2005, com 724 mil. Em dezembro, o setor registrou a melhor marca de exportação para o mês em toda a história, com 62,9 mil unidades, segundo Megale.
“É um reflexo do trabalho que o governo vem fazendo no sentido de acordos comerciais”, explicou. No entanto, em valores, o crescimento foi bem mais discreto, de 1,6%, para US$ 10,6 bilhões.
“Aumentamos de forma relevante as exportações para Colômbia e Chile. Ainda são níveis baixos, mas há tendência de crescimento. (…) E tivemos um aumento de exportações para o México, apesar de não ser tão expressivo, mas o México é o nosso segundo parceiro”, afirmou Megale.
Mas o México pode passar por mudanças, com a posse de Donald Trump. O presidente eleitodos Estados Unidos já ameaçou sobretaxar empresas que fabricam carros no México.
“Há grande preocupação sobre como será a relação (entre EUA e México). Pode haver mudanças no ritmo de produção que impactariam a gente”, apontou o executivo.
Emprego
O ajuste na produção levou a um corte de funcionários, por meio de desligamentos ou programas de demissão voluntária. As empresas encerraram 2016 empregando diretamente 121 mil pessoas, o que significa que cerca de 9,3 mil vagas foram fechadas durante o ano passado. O número de trabalhadores no final do ano é o menor desde 2007.
Além disso, outros 9 mil empregados estão atualmente com algum tipo de restrição na jornada, seja por meio de lay-off (suspensão de contrato) ou Plano de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz a carga horária e os salários.
Em dezembro, o governo federal sinalizou que o PPE será prorrogado para 2017 – as montadoras haviam pedido que o programa se torna permanente. Megale também apoiou mudanças nas leis trabalhistas.
“Vemos também como positivo o encaminhamento de medidas de reforma trabalhista. Para o setor é fundamental a questão do acordado (prevalecer) sobre o legislado. Nós lidamos muito com sindicatos, é importante termos uma segurança jurídica sobre o que é acordado”, defendeu o presidente da Anfavea.
Fonte: G1
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