Segurança no trânsito depende de ação conjunta entre poder público e iniciativa privada
Segurança no trânsito depende de ação conjunta entre poder público e iniciativa privada
Durante debate sobre o tema, na sede da CNT, presidente da Confederação ressalta a importância de unir os esforços para reduzir acidentes e mortes nas rodovias.
O trânsito brasileiro mata mais de 5.000 pessoas por ano somente nas rodovias federais. São mais de 60 mil acidentes em 12 meses, conforme os dados divulgados pela CNT, em relação a 2018. Essas ocorrências geram custos sociais e econômicos. No Brasil, na maioria das vezes, o foco das discussões em torno do tema está ligado a fatores veiculares e humanos.
O que nem sempre se discute é que as más condições da infraestrutura da malha rodoviária representam um fator preponderante para essa realidade de mortos e feridos.
A inadequação de muitas rodovias, com buracos, erosões, quedas de barreiras e de pontes, além dos problemas na sinalização e no traçado, contribuem para esse cenário de insegurança. Essa foi uma das análises feitas pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) durante uma reunião promovida na sede da entidade, em Brasília, neste mês de setembro. Estiveram presentes transportadores, parlamentares, policiais rodoviários federais e representantes do governo federal, entre outros.
“Mudar a realidade desses números registrados nas rodovias brasileiras somente será possível com a adoção conjunta de uma série de medidas, pelo Executivo, pelo Legislativo e também pelas empresas de transporte”, disse o presidente da CNT, Vander Costa, ao apresentar o Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários”, lançado durante a reunião.
A ferramenta é uma plataforma online, que está disponível no portal da Confederação Nacional do Transporte, e traz estatísticas de 2007 a 2018 sobre os acidentes registrados nas rodovias federais. Ao acessar o portal, transportadores, gestores, especialistas, legisladores, autoridades públicas e sociedade em geral podem conhecer, a fundo, o detalhamento dos acidentes em rodovias federais. De forma rápida e intuitiva, a ferramenta disponibiliza um leque importante de informações, possibilitando o cruzamento de dados por regiões e unidades federativas.
“Com a criação do Painel e a parceria com a PRF, a CNT contribui para democratizar o acesso às informações, permitindo, assim, a realização de diagnósticos mais precisos fundamentais para a tomada de decisões”, destacou Vander Costa.
Cooperação
O inspetor Agnaldo Filho, da Polícia Rodoviária Federal, participou do debate na CNT. Para ele, o Painel criado pela Confederação, com dados da PRF, demonstra a importância da cooperação e da integração entre diversos órgãos e instituições. Agnaldo Filho destacou que essas parcerias são fundamentais para que o Brasil possa reverter o atual cenário de acidentes e mortes nas rodovias brasileiras. “O Painel é uma ferramenta inovadora. Torna a leitura dos dados mais palatável, sendo acessível à sociedade e a todos que compõem a cadeia de decisão e de execução de ações e políticas públicas”, afirmou.
Também participou da reunião pela segurança no trânsito, promovida na sede da CNT, o deputado federal Hugo Legal (PSD). Árduo defensor de medidas que garantam mais segurança nas rodovias brasileiras, ele enalteceu a importância do trabalho da Confederação. “Precisamos entender onde e por que acontecem os acidentes rodoviários, e o que está sendo feito para evitá-los. Não adianta ficarmos em discussões periféricas, que não se aprofundam. É preciso ir direto ao que interessa. O trabalho da CNT possibilita justamente isso. É profundo, tem qualidade e faz a radiografia exata da realidade”, disse o deputado. Pela relevância do Painel de Acidentes, Hugo Leal informou que faria um requerimento para apresentá-lo na Câmara dos Deputados.
Análises da CNT
Entre as análises apresentadas, o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, afirmou que três fatores estão diretamente ligados ao aumento do número de acidentes e de óbitos nas rodovias federais brasileiras: o aumento da frota de veículos, a baixa oferta de rodovias no país e a inadequação desse tipo de infraestrutura.
“O Brasil registra 14 mortes nas rodovias federais todos os dias. Para mudar essa realidade, a CNT entende que são necessários investimento imediato nas rodovias, principalmente para eliminar pontos críticos e recuperar a sinalização; ações emergenciais nos trechos onde há maior número de acidentes; mais recursos para a modernização e na fiscalização policial; e campanhas educativas nacionais.”
Sest Senat
O SEST SENAT (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) já atua fortemente para qualificar o trabalho dos motoristas profissionais e também para cuidar da saúde deles.
“Entendemos que a capacitação contínua garante um trânsito mais seguro. Entre os 680 cursos oferecidos gratuitamente aos trabalhadores do transporte, muitos têm relação com os principais eixos do Painel CNT, como direção defensiva e legislação de trânsito”, ressaltou a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart.
As atividades no simulador, complementadas com a prática no veículo em vias públicas, ajudam os transportadores a reduzir em 29% a incidência de erros ao volante. “O componente humano é o grande objetivo do SEST SENAT. Aqui, o trabalhador do transporte é treinado para que tenha previsibilidade nas situações adversas que encontrará nas rodovias e vias urbanas do país”, finaliza.
O debate na sede da CNT aconteceu durante a Semana Nacional do Trânsito. O SEST SENAT desenvolveu ações específicas com foco nos motoristas de ônibus. Além dessa mobilização, a instituição realizou, em 2019, outras três grandes campanhas: uma na Semana Nacional de Saúde e outras no Dia do Motorista e no Dia do Caminhoneiro. Somente no primeiro semestre, foram 5,3 milhões de atendimentos em qualificação profissional e em saúde em todas as unidades do SEST SENAT no país.
Fonte: Portal do Trânsito
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